O texto abaixo foi elaborado pelo prof.  Carlos Roberto Serrão Haddad

haddad.ibted@gmail.com


O que é?

Como toda síndrome, este mal é caracterizado por uma série de sintomas: dor, alterações da sensibilidade ou formigamentos no punho, regularmente até choque ao forçar um pouco mais as mãos; redução da sensibilidade dos dedos (exceto o mínimo); a dor costuma irradiar para o braço e chegar ao ombro, normalmente se agravando durante o período noturno de descanso.

Isto ocorre por compressão de um nervo ao passar por um túnel no carpo (ossos da mão), o mediano, responsável pela sensibilidade e movimentos de alguns dos músculos mão, do polegar e de alguns dedos.

Todos os trabalhos manuais acabam por serem prejudicados. Como pentear os cabelos, abrir portas, dirigir e descascar legumes.

O que provoca este mal?

Geralmente está associado a movimentos manuais repetitivos que provocam inflamação na região, o que empurra o nervo em direção ao ligamento (tecido conjuntivo na parte superior do túnel).

Alguns casos não parecem relacionados a qualquer causa específica.

Esta síndrome ocorre regularmente em mulheres durante a gestação, desaparecendo após o parto. Por isto acredita-se que a retenção de líquidos típica da gravidez seja responsável pela síndrome nestes casos. Também pode ocorrer durante o climatério ou na menopausa.

Outros fatores podem estar associados a essa compressão: deslocamento de um osso do carpo na direção do túnel (o osso semilunar); edemas, luxação ou intumescências conseqüentes de lesões na extremidade distal do rádio (parte do osso do braço junto às mãos); artrite reumatóide; linfatite (inflamação no sistema linfático); doença de Paget (que deforma ossos); doenças da tireóide.

Como se trata?

Depende e muito do médico ou terapeuta.

Médicos normalmente recomendam os anti-inflamatórios com relaxantes musculares. Aos refratários e em casos de muita dor, injeção de um corticóide. Há médicos que recomendam logo a Fisioterapia, alguns que só a recomendam após a falha do tratamento farmacológico e há aqueles que não acreditam na eficácia desta terapia e encaminham os casos persistentes diretamente à cirurgia (que retira o ligamento para aliviar o tendão). Eventualmente podem receitar  complexo B por causa da vitamina B6 (esta vitamina alivia o sintoma e costuma ter níveis baixos em gestantes e as mulheres que utilizam anticoncepcionais orais, mas não se comprova eficácia em outros casos).

Fisioterapeutas costumam utilizar logo o ultrassom pelo efeito anti-inflamatório. Regularmente utilizam movimentos cinestésicos que visam reduzir o edema local e orientam atividades corretivas. Também podem fazer uso de algum equipamento que facilite a imobilização.

Crítica e tratamento complementar

A principal crítica que podemos fazer é a que fazemos a quase todas as síndromes: as causas são secundárias após a confirmação do diagnóstico. São várias as patologias que provocam o sintoma dor no carpo. Se as reconhecemos todas como síndrome do túnel do carpo, o tratamento dos sintomas acaba por se tornar rotina profissional.

A artrose, por exemplo, praticamente não é comentada como causadora da síndrome. A compressão mecânica de nervos (artrose, deslocamento do osso semilunar, intumescências da porção distal do rádio) promove a produção da substância P, um ácido que tem entre as suas finalidades o aumento do metabolismo no local, o que facilita a oxigenação do neurônio numa primeira etapa e um edema quando a quantidade dessa substância aumenta.

Os movimentos repetitivos causam o processo inflamatório por outro mecanismo: o resíduo tóxico do movimento, o ácido lático.

Situações que facilitam a má circulação linfática (gravidez, alguns anti-concepcionais orais, certos remédios de controle da pressão arterial, linfatite, problemas de tireóide) dificultam a saída dos eventuais estressores locais (substância P, os resíduos metabólicos das células da região, o ácido lático e ainda outros, como o ácido úrico), promovendo o mal.

Os protocolos aplicados para a síndrome certamente atuam no sintoma: dor nas mãos, dormência e certas dificuldades. Mas não é pouco?

Um dos detalhes que considero importante, nunca vi abordado. A  porção superior desse túnel é formada por um tecido conjuntivo resistente (ligamento) que se inflama. Se inflama quer dizer que está com excesso de ácidos (seja lá de que origem são: substância P, ácidos do metabolismo ou ácido lático). Sabendo que nenhuma artéria nutre de sangue os tecidos conjuntivos, de que forma o ligamento, que é um tecido vivo, recebe oxigênio e glicose e elimina seus resíduos metabólicos, incluindo esses ácidos? Veja no texto sobre Fibromialgia 2 a importância da técnica Terceira Drenagem.

Tratamento alternativo

Normalmente definimos uma estratégia para combater uma síndrome artromuscular: 1) aliviar o sintoma da dor; 2) reabilitar a articulação; 3) passar orientações e protocolos de prevenção contra a reincidência.

Os recursos mais eficazes no alívio da dor costumam ser as Maxmobilizações Manuais e a Terapia do Esparadrapo. Conforme o motivo da síndrome, selecionamos uma dos protocolos abaixo.

Também conforme o motivo da síndrome, podemos utilizar a Moxabustão (que irradia infra-vermelho) ou a Drenagem Linfática Manual. Luxação, artrose, remédios ou quadros que causam edema ou qualquer que seja a origem eliciam terapêuticas bem diferenciadas se queremos eficácia na prevenção da reincidência.

Uso do gelo. Este recurso não deve ser utilizado indiscriminadamente para a redução da dor em casos de inflamação. Apesar de colher bons resultados, nem sempre isto ocorre. Em casos de artroses e ainda outros, a contratura muscular provocada pelo frio pode comprimir ainda mais a articulação, aumentando efetivamente as dores e não as diminuindo. Com mais dor, entra em ação o mecanismo da compensação, o que costuma agravar o quadro em vez de ajudar. Especialmente quando o cliente já está na terceira idade.

As orientações quanto aos exercícios são fundamentais. E não devemos esquecer da alimentação: quanto mais ácido o sangue, pior para o quadro.

Dica de mestre

Com duas dúzias de anos atuando com terapias alternativas na reabilitação de males da terceira idade, posso garantir que pelo menos 80% das indicações cirúrgicas para túnel do carpo podem ser regredidas com os protocolos acima e mais um. E mais, posso também garantir que os mesmos protocolos conseguem alívio imediato (logo na primeira seção) em quase todos os casos com esse diagnóstico.

Pequeno histórico. Percebi que vários sofredores com o túnel de carpo queixavam-se de dores nos ombros ou no pescoço, daí trabalhar também estas regiões. Acidentalmente descobri que muitos melhoram do problema no carpo apenas com alongamentos no ombro e na cervical.

Parti para a pesquisa. Durante algum tempo, em todos os queixosos de túnel do carpo, fazia a cada seção primeiro as avaliações; depois aplicava apenas as maxmobilizações para cervical e/ou ombro; antes de proceder aos protocolos para os punhos, pedia ou procedia nova avaliação. E SEMPRE havia razoável alívio dos sintomas no carpo, mesmo antes de concluir os trabalhos! Sempre encontrei também sensibilidade à dor em C3 e/ou C6. Nunca encontrei, após mais de uma centena de testes, alguém com problemas no carpo que não fossem aliviados com alongamento e as Maxmobilizações cervicais. Logo segue uma dica:

Dica de mestre: sempre comece o tratamento de problemas no carpo com avaliação e trabalhos cervicais. E não se esqueça dos exercícios cervicais entre as orientações.

Você viu esta pesquisa?

Por que não pesquisam a relação dos problemas cervicais com os problemas carpais e escapulares?

Por que não procuram especializar os tratamentos de patologias (artroses, FB, AR, luxação etc.) em vez de relacionar síndromes?

Ela poderia:

Reduzir o tempo de vários tratamentos e consumo de remédios.

Valorizar mais recursos e profissionais na cura de males e doenças.

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