O texto abaixo foi elaborado pelo prof.  Carlos Roberto Serrão Haddad

 haddad.ibted@gmail.com

 

As Maxmobilizações são séries de manobras fisiológicas que promovem reabilitação de cápsulas articulares ao mesmo tempo em que facilitam o alongamento das musculaturas envolvidas. São eficazes no alongamento de musculatura profunda pelo fato de utilizarem ponto de alavanca, mas muito delicadas porque, para sua perfeita execução, é necessário dominar detalhes como posição do terapeuta e do cliente, pegada, ponto de apoio, pressão, velocidade, tensão, tensão elástica e, eventualmente, até a observação da respiração.

Algumas das manobras selecionadas são simples e regulares entre as corporais, mas a maioria, apesar de similares, possuem seus diferenciais. Como ponto de alavanca, posição especial, aplicabilidade específica ou mobilização com movimento.

O fato de ser em acordo com a Fisiologia faz com que possam ser aplicadas em vários quadros e em praticamente todas as idades.

Conforme a idade e a fragilidade óssea ou muscular, a pressão e o tempo de tensão variam, mas a série é praticamente a mesma, com algumas exclusões. Apenas uma das séries não se aplica a pacientes frágeis.

Tendinites, bursites, artroses, edemas articulares, gota, fibras adesivas e praticamente todos os problemas artromusculares colhem bons resultados quando soltamos e lubrificamos as articulações e alongamos os músculos.

Em fibromialgias e no tratamento da osteoporose, recomendo a terceira drenagem. Salvo casos especiais e pós-cirúrgicos, as séries podem e devem ser aplicadas em pacientes na terceira idade, principais beneficiados com essa terapia.

Contudo sua prática se restringe a profissionais que satisfazem três condições:

1) Qualificação profissional. Apenas terapeutas corporais qualificados (masso, shiatsu e fisioterapeutas, professores de Educação Física etc.) devem se aventurar na prática destas manobras.

2) Domínio de técnicas manuais. Controle motor e prática em massoterapia são pré-requisitos.

3) Treinamento. Para colher bons resultados, todos os profissionais, mesmo os qualificados e com boa prática manual, devem participar de grupos de treinamento antes de se aventurarem na prática com pessoas na terceira idade e em pacientes em quadros pós-cirúrgicos.

O Desenvolvimento das Maxmobilizações

O autor dessas técnicas não as desenvolveu intencionalmente. Enquanto exercia apenas a engenharia, sofria de dores nas costas, apesar de ter recorrido, por anos, aos métodos convencionais. Teve suas dores aliviadas por um alternativo em 86, numa época em que a acupuntura era tida como charlatanismo, e o shiatsu, praticamente desconhecido.

Fascinado com o alívio de suas dores, fez um curso rápido de shiatsu e, como a engenharia lhe provia o sustento, começou a praticar o shiatsu-arte gratuitamente, em certa comunidade.

Aquele shiatsu se valia de algumas manobras de alongamento, mas eram poucas. Logo se colocou a primeira questão: 1- A maioria dos músculos não pode ser alongada pela massagem simplesmente porque não são apalpáveis ou imobilizáveis. São total ou parcialmente profundos. Que manobras possuem eficácia no alongamento desses músculos, responsáveis por certas dores e dificuldade de movimento?

Isto fez aparecer a necessidade de um curso mais longo de shiatsu. Espanto e surpresa com o fato de este segundo curso ser totalmente diferente do primeiro. Ao longo dos anos, só de shiatsu, foram seis técnicas diferentes.

As limitações, comuns a todas as técnicas terapêuticas, fizeram com que buscasse alternativas: várias outras técnicas de massagens, acupuntura, moxabustão, fitoterapia, ventosaterapia, terapia auricular e métodos parapsicoterapêuticos Na busca não só pelo aprimoramento do método, mas também influenciado pelas questões colocadas quanto à compreensão da origem das dores e doenças, fez vários cursos, entre eles o de Psicologia da UFF[1].

Apesar da variedade de opções que ampliou o número e tipos de pacientes, ele sempre tentou não misturar as técnicas. Duas coisas foram importantes para isto: 1- o fato de ele ser engenheiro civil e, conseqüentemente, técnico; 2- ele ter se incomodado com o número de massagistas que “utilizam sua intuição” e fazem uma grande e maravilhosa massagem a partir dela, sem, contudo, se preocuparem em dominar a técnica antes.

O aparecimento da M3i – Massoterapia para a 3a Idade

Apesar de tentar manter as técnicas puras, precisou adaptá-las. Elas, via de regra, foram desenvolvidas a partir de um corpo fisiologicamente saudável e são praticadas entre os alunos, pessoas geralmente novas ou, pelo menos, razoavelmente saudáveis. Quando nos deparamos com a terceira idade, onde é comum até a dificuldade em ficar em prona, existe a necessidade de adaptarmos a técnica. A segunda questão se colocou: 2- Como lidar com a fragilidade capilar, a perda de massa óssea e músculos reduzidos ou, por vezes, atrofiados?

Dificuldades persistentes fizeram que procurasse, dentre as técnicas mais eficientes, os movimentos e manipulações que surtiam mais efeitos e os adaptasse à terceira idade. Depois de muito trabalho e cuidado para não fazer apenas uma massagem de quem “freqüenta todas as massagens” e “retira o que tem de bom de cada uma”, foi selecionada uma seqüência com a ajuda de alguns amigos e familiares como Verônica Haddad e o Dr Márcio Flores. Essa seqüência confirmou grande eficiência na terceira idade, motivo pelo qual a técnica recebeu esse título – M3i.

Em vários outros casos, a posição em que os pacientes são colocados lhes é incômoda, como pacientes com dores nas costas. As massagens neste local são feitas com o paciente em prona (de barriga para baixo). Em muitos deles, ou o paciente não pode ficar nesta posição, ou ela não o deixa confortável. Problemas no pescoço que dificultam sua rotação, cortes cirúrgicos no tórax e até a ciática são exemplos. Gestantes e pessoas com dificuldades respiratórias também costumam se incomodar nessa posição. Como lhes aliviar as dores lombares? Daí a terceira questão: 3- Como alongar  os músculos lombares em pacientes que não se deitam confortavelmente em prona? Uma série especial foi criada.

As primeiras turmas

O sucesso alcançado gerou reflexos na mídia. Um dos clientes (88 anos) atendido, que estava há três anos fazendo uso de andador e bengala, abandonou estes recursos após três seções. Um de seus familiares com influência na mídia fez aparecer a primeira matéria sobre o método. Isto gerou uma série de reportagens em jornais e até em canais de TV, fazendo aparecer procura pelo método, o que culminou com as primeiras turmas de M3i.

Massoterapia em cadeira de rodas

Mas o nome original Massoterapia para Terceira Idade criou certa confusão. Muitas pessoas com osteoporose, artrose etc., não a procuravam porque, relatavam, não estavam, ainda, na terceira idade, mas encaminhavam seus pais, acamados e, regularmente, em cadeira de rodas. Isto aumentou a clientela para atendimento a domicílio, fazendo aparecer a quarta questão: 4- Existem casos em que o paciente precisa receber sua terapia sentado em sua cadeira de rodas. Que manobras são possíveis? Entre estas, quais são as mais eficazes?

O aumento da demanda de pacientes em cadeira de rodas fez aparecer não só alunos da área da Enfermagem, como uma série específica para estes casos.  A nova atualização no método mudou o nome para Massoterapia Articular e as seqüências novas, em cadeira de rodas e para pacientes que não ficam em prona, herdou o nome M3i.

Alongamento de musculatura forte e contraída

Ano a ano, conforme as dificuldades persistiam ou apareciam novas, as manobras iam sendo trocadas ou aperfeiçoadas.

Devido à procura de pacientes com os mais variados motivos e quadros, a terapia não ficou restrita ao grupo da terceira idade. Deficiências próprias das massagens foram observadas e fomentaram ainda mais aquele desenvolvimento. A maioria delas, como comentado na primeira questão, não dá conta de alongar certos músculos, como os rombóides, o grande e o pequeno redondo e os elevadores da escápula. Estes músculos se localizam por detrás da escápula, o que dificulta sua manipulação, mas são responsáveis por fortes dores nas costas que podem prejudicar a respiração, dar a sensação de queimadura ou até a de um punhal encravado. Outros músculos, como o semitendinoso e o semimembranoso, são responsáveis por dores nas pernas e, especialmente, nos joelhos. A massagem na região adutora da perna, onde eles ficam, nas pessoas mais fofinhas, pega mais a celulite que os músculos. Foi necessária uma longa revisão no método, de modo que pudesse dar conta também desses casos, ampliando o campo de atuação para pacientes com musculatura profunda forte e contraída, daí o interesse de estudantes e profissionais de Educação Física, artes marciais e instrutores de yoga.

Direcionamento

As MM acumularam uma variedade de profissionais. Não apenas massagistas, fisioterapeutas e instrutores de Educação Física, mas também shiatsuterapeutas, enfermeiros, psicólogos e até leigos interessados em participar dos projetos de TVS (trabalho voluntário supervisionado). Cada um deles costuma enveredar por outras terapias alternativas – massagens orientais, moxabustão, ventosa, terapia auricular, entre outros – gerando a seguinte questão: com selecionar o método a utilizar?

Para responder esta questão fez-se mister avaliar as possibilidades e a primeira questão foi: que métodos não usar, que destacou a importância da fisiologia e apresentou os motivos pelos quais certas massoterapias são contra-indicadas em certos quadros.

Direcionamento Emocional

Mas, nas MM-ED, nunca se perdeu a noção holística. Ao mesmo tempo em que a Fisiologia era utilizada para analisar o quadro do cliente, seu estado emocional aparecia como mais uma variável a ser considerada. Os quadros que se destacaram foram: 1- Apático, 2- Impotente, 3- Carente, 4- Com medo, 5- Esgotado, 6- Ansioso e 7- Agressivo ou com raiva. Os efeitos das manobras podem e devem ser direcionadas para compensar essas emoções. Fricções aumentam o metabolismo, já aumentado nas pessoas iradas; a tonificação (estímulos motores) é contra-indicada em pessoas com medo ou tensas e indicada nos quadros de esgotamento e depressão. A análise do quadro emocional passou a ser importante na seleção das manobras.

Incorporação de TVS

Muitos dos interessados nas MM-ED são profissionais e vários já estavam engajados como voluntários em hospitais, asilos ou  associações, o que favoreceu algumas turmas formarem grupos nestas instituições. Isto reuniu vários interesses de todos os lados: dos profissionais, da população atendida, das associações e até de políticos. O TVS passou a fazer parte da grande maioria das turmas de Maxmobilizações, ainda com o nome Massomobilizações.

Qualidade de vida

Na busca por soluções, a qualidade de vida, paulatinamente, vai se tornando a meta final do trabalho terapêutico. E com uma característica pouco comum nos projetos com esta finalidade: sem custos adicionais. Pelo contrário, a eficiência do método não só reduzirão, em muitos casos, os custos e o tempo da terapia, como colaborarão para quebrar mitos como é necessário aprender a conviver com as dores ou doenças ou o tratamento prolongado é necessário aos males da terceira idade.

Reconhecimento internacional e ONG

As Maxmobilizações conseguiram o seu primeiro reconhecimento internacional: o governador do estado do Aragua da República da Venezuela, Didalco Antonio Bolívar Graterol, em busca de profissionais em terapias alternativas, encontrou-se com Roberto Haddad, sistematizador do método. Na ocasião[2], o governador sofria de uma bursite que foi aliviada numa seção de 4 minutos, fato decisivo no empenho da referida autoridade em levar instrutores do nosso instituto para ministrar esta técnica nos hospitais estaduais que ele estava aparelhando.  Infelizmente, o projeto não pode ir avante por falta de financiamento. Por isto, em 2003, um grupo de amigos fundou o IBTED – Instituto Brasileiro de Terapias Energodirecionadas, no intuito de promover as terapias alternativas, de forma geral, e o método, de forma específica.

Na atualidade

Uma equipe multidisciplinar tanto na área da Saúde quanto na das Alternativas participa dos projetos do IBTED: cursos, pesquisas, parcerias, promoção de voluntariado e até de colocação profissional.


[1] Universidade Federal Fluminense, onde havia se graduado em Engenharia.

[2] Novembro de 2002.

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